Sem título, técnica mista
(2004)

Criação coletiva de Yuyachkani

Concepção e Direção: Miguel Rubio Zapata
Em cena: Augusto Casafranca, Ana Correa, Debora Correa, Rebeca Ralli, Teresa Ralli, Julián Vargas, Daniel Cano, Gabriella Paredes Rodríguez, Jorge Baldeón, Lucero Medina Hú, Milagros Felipe Obando, Silvia Tomotaki
Produção: Socorro Naveda
Coordenação Técnica: Alejandro Siles

O espetáculo se instala nas fronteiras do teatro, das artes visuais e performativas, em um espaço que simula um sótão ou um depósito de um Museu de história antes de ser classificado, onde convergem fotos, atores, documentos e objetos. Yuyachkani propõe uma narrativa sustentada na interação do objeto-ator, imagens, música e trechos da história, gerando uma gama de sensações diversas. Uma experiência singular, em que atores e espectadores compartilham um espaço comum. “Sem Título – Técnica Mista” de Yuyachkani é uma obra de teatro em que não há uma história linear, nem uma estrutura convencional, não há personagens tradicionais, mas presenças através das quais a história é transmitida.

Nos seus primeiros anos, Yuyachkani tentou levar para o palco a história da guerra com o Chile, mas por diversos motivos, isso não se concretizou. arinta anos depois, outra etapa de nossa história se soma a esse relato: a violência política vivida em nosso país de 1980 a 2000. O fator que impulsionou o grupo Yuyachkani a realizar esta obra foi a experiência vivida junto à Comissão da Verdade e Reconciliação: “Fizemos o acompanhamento das audiências públicas da Comissão da Verdade. Acho que essa experiência nos marcou muito e nos deu uma visão: por que não estabelecer um paralelo histórico? Sentir a exclusão, o caráter do Estado, o abismo social, conhecer as vítimas, assim chegamos a este trabalho”, explica Miguel Rubio, diretor da obra.

Um cenário distinto, que emula o sótão de um museu, uma espécie de arquivo histórico composto por fotos, livros, fotocópias de imagens de acontecimentos históricos, manequins, figurinos de diferentes épocas, fragmentos de discursos que marcaram a história peruana e muito mais, introduz o espectador em um mundo passado, que quer estar presente, que quer nos lembrar que essa realidade vivida é parte da história de todos. “Queremos convidar o espectador a se sentir envolvido em sua própria história, a não ser estranho àqueles momentos que vivemos e que são tão dolorosos que às vezes preferimos guardar”, garante Miguel Rubio, que claramente oferece um olhar para o passado, revivendo a violência sofrida por pessoas inocentes.

Através do trabalho de atuação, os movimentos corporais evidenciam a tragédia, a tristeza, a impotência vivida por milhares de peruanos e também a esperança por um presente que está sendo construído. “Sem Título – Técnica Mista” utiliza diversos recursos das artes visuais, figurinos, máscaras, interpretações musicais, danças e mais, que surpreendem o espectador, levando-o a se mover naturalmente pelo espaço, a decidir o que olha, escuta e, acima de tudo, a ter uma reflexão própria.

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